15 de agosto de 2011




PROCURANDO  O  "EU"

"Procuro despir-me do que aprendi
Procuro esquecer-me do modo de lembrar o que me ensinaram,
E raspar a tinta com que me pintaram os sentidos,
Desencaixotar as minhas emoções verdadeiras,
Desembrulhar-me e ser Eu ...
Alberto Caeiro (heterônimo de Fernando Pessoa)







Dizem que em cada Coisa uma Coisa Oculta MoraDizem que em cada coisa uma coisa oculta mora. 
Sim, é ela própria, a coisa sem ser oculta, 
Que mora nela. 

Mas eu, com consciência e sensações e pensamento, 
Serei como uma coisa? 
Que há a mais ou a menos em mim? 
Seria bom e feliz se eu fosse só o meu corpo - 
Mas sou também outra coisa, mais ou menos que só isso. 
Que coisa a mais ou a menos é que eu sou? 

O vento sopra sem saber. 
A planta vive sem saber. 
Eu também vivo sem saber, mas sei que vivo. 
Mas saberei que vivo, ou só saberei que o sei? 
Nasço, vivo, morro por um destino em que não mando, 
Sinto, penso, movo-me por uma força exterior a mim. 
Então quem sou eu? 

Sou, corpo e alma, o exterior de um interior qualquer? 
Ou a minha alma é a consciência que a força universal 
Tem do meu corpo por dentro, ser diferente dos outros? 
No meio de tudo onde estou eu? 

Morto o meu corpo, 
Desfeito o meu cérebro, 
Em coisa abstracta, impessoal, sem forma, 
Já não sente o eu que eu tenho, 
Já não pensa com o meu cérebro os pensamentos que eu sinto meus, 
Já não move pela minha vontade as minhas mãos que eu movo.

Cessarei assim? Não sei. 
Se tiver de cessar assim, ter pena de assim cessar, 
Não me tomará imortal.
 

(Alberto Caeiro, in "Poemas Inconjuntos")

11 de agosto de 2011

A GUERRA NA SOMBRA DO POETA


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Salette Granato, autora do livro "A Guerra na Sombra do Poeta", que será lançado na Câmara Municipal de Jacareí, no dia 16 de setembro deste ano, às 19horas, é membro da Academia Jacarehyense de Letras, escritora talentosíssima e intérprete brilhante  de poemas e textos, imprimindo em suas declamações toda sua veia poética, sua sensibilidade e carisma.


A GUERRA NA SOMBRA DO POETA
O livro "A Guerra na Sombra do Poeta", que estará lançando em setembro, traz relatos de um pracinha sobre a II Guerra Mundial. No primeiro momento, o leitor encontrará uma sinopse da II Guerra Mundial para situá-lo no cenário mundial. Em seguida o leitor poderá mergulhar nas histórias do soldado que via poesia até na dor. Com certeza uma obra que valerá a pena conhecer. Não deixem de conferir...!!

6 de agosto de 2011

SAMUEL BECKETT

SAMUEL BECKETT


As lágrimas do mundo são inalteráveis. Para cada um que começa a chorar, em algum lugar outro pára. O mesmo vale para o riso.

Instante
Que faria eu sem este mundo sem rosto sem questões
Quando o ser só dura um instante onde cada instante
Se deita sobre o vazio dentro do esquecimento de ter sido
Sem esta onda onde por fim
Corpo e sombra juntos se dissipam
Que faria eu sem este silêncio abismo de murmúrios
Arquejando furiosos em direcção ao socorro em direcção ao amor
Sem este céu que se eleva
Sobre o pó dos seus lastros
Que faria eu eu faria como ontem como hoje
Olhando para a minha janela vendo se não serei o único
A errar e a mudar distante de toda a vida
preso num espaço-marioneta
Sem voz entre as vozes
Que se fecham comigo.
Samuel Beckett
(tradução de Tiago Nené)


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 Histórico do conto[

 



            A origem do conto está na transmissão oral dos fatos, no ato de contar histórias, que antecede a escrita e nos remete a tempos remotos.

            O ato de narrar um acontecimento oralmente evoluiu para o registro escrito desta narrativa. E o narrador também evoluiu de um simples contador de histórias para a figura de um narrador preocupado com aspectos criativos e estéticos.

            É no início da Idade Moderna que o conto se consolida como literatura.

            Três livros são considerados os precursores do gênero: As mil e uma noitesCanterbury Tales, de Chaucer, e O Decamerão, de Giovanni Bocaccio. Estes títulos apareceram no Ocidente no século XIV e disseminaram-se pelo mundo nos séculos XVI e XVIII.

            Um momento de grande desenvolvimento do conto foi o século XIX, devido à acentuada expansão da imprensa que permitiu a publicação dos textos.

            Algumas características comuns acabaram por agrupar as várias formas de narrar e isso aproximou o conto de um gênero literário. Este novo gênero foi identificado pela primeira vez nos EUA, por volta de 1880, e designado Short Story.

            Posteriormente, o conto evoluiu de sua forma tradicional, na qual a ação e o conflito passam pelo desenvolvimento até o desfecho, com crise e resolução final, para as formas modernas de narrar, na qual a estrutura se fragmenta e subverte este esquema. Edgar Allan Poe, Guy de Maupassant e Anton Tchekóv, são alguns dos contistas clássicos que mais influenciaram as formas modernas do conto.
       

Definição

            A palavra conto quer dizer:

1.    Narração falada ou escrita de um acontecimento.
2.    Narração de uma história ou historieta imaginadas.
3.    Fábula.

            Os estudiosos da teoria do conto se dividem em duas correntes: A dos que aceitam definições e a dos que não aceitam. Mas mesmo os que as aceitam concordam que definir conto não é tarefa fácil. O escritor e contista Júlio Cortázar afirma que o conto é "um gênero de difícil definição, esquivo nos seus múltiplos e antagônicos aspectos".

            No estudo “Teoria do conto”, Nádia Battella Gotlib, "cola" as impressões de diversos estudiosos do conto e chega à seguinte equação:

            O segredo do conto é promover o seqüestro do leitor, prendendo-o num efeito que lhe permite a visão em conjunto da obra, desde que todos os elementos do conto são incorporados tendo em vista a construção deste efeito (Poe). Neste seqüestro temporário existe uma força de tensão num sistema de relações entre elementos do conto, em que cada detalhe é significativo (Cortázar). O conto centra-se num conflito dramático em que cada gesto, cada olhar são até mesmo teatralmente utilizados pelo narrador (Bowen). Não lhe falta a construção simétrica de um episódio, num espaço determinado (Matthews). Trata-se de um acidente de vida, cercado de um ligeiro antes e depois (Oiticica). De tal forma que esta ação parece ter sido mesmo criada para um conto, adaptando-se a este gênero e não a outro, por seu caráter de contração (Friedman). Este é um lado da questão teórica referente às características específicas do gênero conto.

Leiam tudo sobre a definição de CONTO acessando: http://www.jackbran.pro.br/redacao/teoria_do_conto.htm )

2 de agosto de 2011

Escritor Ariano Suassuna abre programação do mês do folclore em Jacareí

                                                            

            Agosto é o mês do Folclore e a Fundação Cultural de Jacarhey José Maria de Abreu preparou uma agenda recheada de atrações que valorizam a cultura popular. Na literatura, o destaque é o escritor Ariano Suassuna, que abre a programação. Mas a agenda cultural traz ainda Feira do Milho, Festival de Música Sertaneja, grupo Trem da Viração, Orquestra de Viola Caipira de Jacareí, o sanfoneiro Zé Cupido, Grupo de Teatro Boneco Vivo, Procissão dos Mortos, Cortejo da Cobra Grande, exposições e contação de causos.

            A programação começa na sexta-feira (5), às 19h, no EducaMais Espaço Centro, na rua Alfredo Schurig , com o escritor, poeta e dramaturgo Ariano Suassuna, que apresenta uma “aula-espetáculo”, evento que realiza desde 1995. Segundo Suassuna, a denominada “aula-espetáculo” busca a identidade da cultura brasileira, com suas matrizes indígena, portuguesa e africana, através de histórias e reflexões dosadas por um característico senso de humor. 

            Nascido em João Pessoa (PB), Suassuna é secretário estadual de Cultura de Pernambuco e membro da ABL (Academia Brasileira de Letras). Sua obra mais famosa é O Auto da Compadecida (1955), que além do teatro inspirou a minissérie de TV, que rendeu uma versão para o cinema. Suassuna é autor também de A Pedra do Reino (1970), Uma Mulher Vestida de Sol (1947)Farsa da boa preguiça (1960) e O santo e a porca (1957), entre outras.

            Convites – A “aula-espetáculo” com o escritor Ariano Suassuna tem entrada gratuita, mas limitada. Serão distribuídos 380 convites ao público, com retirada na Biblioteca Municipal Macedo Soares, a avenida Nove de Julho, 215, ao lado do Parque dos Eucaliptos, região central da cidadena quarta-feira (3), das 17h às 20h.

            Trem da Viração – Ainda na sexta-feira (5), às 21h30, no Pátio dos Trilhos, o grupo Trem da Viração apresenta um repertório de músicas regionais. O grupo é formado por Déo Lopes, Márcio de Oliveira, Cauíque Bonsucesso, Marcelo Moreira, André Braga e Beto Quadros.

            As músicas apresentadas pelo grupo têm como marca elementos rítmicos, melódicos e harmônicos presentes na cultura popular como catira, maxixe, batuque, pagode sertanejo, marchinha, congada, xote e baião, e as letras fazem alusão a fatos e personagens passados e presentes na vida cabocla do Sudeste brasileiro.



Poema que abre
O ROMANCE D´A PEDRA DO REINO
 E O PRINCÍPE DO SANGUE DO VAI-E-VOLTA
,
de Ariano Suassuna:


Ave Musa incandescente
do deserto do Sertão!
Forje, no Sol do meu Sangue,
o Trono do meu clarão:
cante as Pedras encantadas
e a Catedral Soterrada,
Castelo deste meu Chão!

Nobres Damas e Senhores
ouçam meu Canto espantoso:
a doida Desaventura
de Sinésio, O Alumioso,
o Cetro e sua centelha
na Bandeira aurivermelha
do meu Sonho perigoso!


" Arte pra mim não é produto de mercado. Podem me chamar de romântico. Arte pra mim é missão, vocação e festa".    

                                                                    Ariano Suassuna


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"A massificação procura baixar a qualidade artística para a altura do gosto médio. Em arte, o gosto médio é mais prejudicial do que o mau gosto... Nunca vi um gênio com gosto médio".
                                                           Ariano Suassuna
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Conheça a Biografia de Ariano Suassuna clicando aqui:  http://www.releituras.com/asuassuna_menu.asp