30 de janeiro de 2012



Reflexões

                       - Walter Derani -
 
 
"Estou aqui na estrada a pensar e refletir
Vendo o erro humano a se repetir
O poder da maldade domina o nosso ser
E coisas ruim continuam a acontecer
Olho o horizonte sem muita esperança
Só abrir espaço a tristeza avança
Nem a Natureza já não nos agüenta
Chuvas e destroços ela apresenta
Toda desgraceira só vai aumentar
Ate o ponto onde vamos suplicar
Onde esta o ser que nos da este castigo?
Nem parece Deus e sim um grande inimigo
Nós continuamos a tudo criticar
A nossa vaidade não nos deixa enxergar
O que esta em nossa volta foi a nossa criação
A do egoísmo, da vaidade, e sem amor no coração.
Vai chegar a hora que iremos aprender
Que Ele, o Nosso Pai continua a nos querer
Sei que é difícil para nossa compreensão
Só com muita dor prestamos mais a atenção
Com todas as Virtudes poderemos avançar
Com Verdade e Amor ao Seu Seio retornar".

[capa+livro+Dor+e+Amor.JPG]

Dor e Amor

Autor: Walter Derani – autor dos livros "Guia de Sobrevivência", "A Lojinha do Tio Sah-Lim", "O Caminho do Sucesso com o Tio Sah Lim" e "Super S e sua turma".

Colaboração e Revisão: Nereide Schilaro Santa Rosa

Sinopse:

Livro de Poesia com fotos de Daniela Derani e colaboração de Nereide S Rosa, traz lindas poesias sobre os sentimentos de “Dor e Amor”, relacionados a afetividade entre pais e filhos, homem e mulher e entre amigos.

“...a dor é que aparece pra nos fazer perceber os nossos erros e nos indicar o que, e onde corrigir.”

“...faz parte do nosso processo evolutivo...”

“...é no amor que andamos mais rápido ao nosso finito destino...”

“...São sentimentos que encurtam, ou não, o nosso desenvolvimento interior...”

_ Walter Derani _

24 de janeiro de 2012

...

Netos
                                    
        De Sandra Hasmann

(Mamãe e tres de seus bisnetos...)



Sem tê-los, sequer os imaginamos,

mas quando chegam,

por eles desintegramos.


Pequeninos gigantes de pele suave,

que nos tornam pequenos, frágeis, medrosos,

ante o vir-a-ser que desconhecemos,

mas que promete glorias e sonhos realizados.



Queremos protege-los, acima do certo ou errado,

pois os netos nunca erram,  merecem mil cuidados.

Fazem arte, estripulias, malcriações,

e os desculpamos junto aos pais, sem objeções.

Neto pode tudo, pois reina absoluto,

seduzindo-nos com beijos, piscar de olhos, desenhos,

e promessas veladas de amanhãs perfeitos,

nessa jornada da vida, por eles eternizada...



Netos, se não tê-los como sabe-los?
                                                           (dizia o poeta..)
E sabendo-os, como viver sem tê-los?

Pois tendo-os descobrimos a nós mesmos,

como crianças pedindo a vida mais tempo...

_________________________________




16 de janeiro de 2012

O QUE ESPERAR DO ANO NOVO
 - Geraldo José da Silva -


Para nós, ocidentais, e boa parte do mundo a passagem para o ano novo, é um acontecimento cercado de muita festa, alegria, esperança e expectativas. Uma ocasião em que um misto de euforia e desejos toma conta das pessoas num ritmo crescente e veloz, até a contagem dos minutos regressivos e o início dos fogos de artifício, como o ponto mais alto e esperado, que a rigor iniciou-se com o Natal. É a festa tradicional do Rèvellion, como nós conhecemos, adotado do francês, que significa rever (rèveiller). Todavia, a data da festa, dia 1 de janeiro, foi instituída pelo governo de Roma, Júlio Cezar, 46 anos a.C, e dedicada pelos romanos ao deus Juno, que é representado por duas faces, uma voltada para o passado, outra para o futuro.

Talvez seja a combinação destes princípios de revisão do ano (dos franceses) e de visão simultânea do passado e do futuro (dos romanos), os motivos das nossas crenças, simpatias e rituais praticados na passagem do ano: vestir-se de branco para intuir a paz, banhar-se com ervas para fechar o corpo, comer lentilha para que haja fartura e sementes de romã para atiçar a sorte, pular sete ondas para livrar-se de todos os males e consultar cartas e tarôs para orientações. Tudo tem valor, dependendo da crença, do propósito e da atitude de cada um.

Muitos participam desses rituais porque realmente acreditam neles, outros porque na dúvida é melhor não ficar de fora, mas a maioria gosta mesmo é do folclore que enche as praias com tendas, figuras de orixás, e culto à Iemanjá. Não importa o motivo particular de cada um. O objetivo e a festa de Reveillon que faz a alegria do povo e tudo é bom quando não faz mal a ninguém.

Mas, então, o que é mesmo que esperamos do Ano Novo? Dele, nada, mas de nós mesmos, tudo. Tudo o que deveríamos ter feito no ano que passou e deixamos em débito por descuido ou egoísmo. Tudo o que propusemos para este ano: refazer as amizades esquecidas, perdoar os que nos foram ingratas ou então reparar as vezes que cometemos ingratidão, corrigir a insensatez que praticamos por comodidade, sermos mais éticos em tudo e em todos os momentos e lugares, sermos autênticos sem ofender e ainda que contrarie nosso orgulho, estender nossas mãos quando tivermos que pedir e oferece-las quando pudermos ajudar, dar bom dia indistintamente e com a mesma vibração que daríamos às pessoas mais próximas, e ainda cuidarmos do nosso próprio projeto pessoal. Porque a nossa presença bem definida faz bem às pessoas que nos veem e a nós mesmos. Nossas atitudes com boa educação serão percebidas imediatamente e seguidas. Nossa cultura ilumina o próximo. Nossa conduta com dignidade é espelho. Nossa generosidade sensibiliza e nos dá a certeza do bem praticado. Mas acima de tudo, o amor exaurido de nós para o bem do próximo, louva ao Deus que nos dá a vida. Este é o resumo do que provavelmente deixamos de fazer no ano velho, mas temos uma nova chance de fazê-lo.

Portanto, não temos que esperar nada do Ano Novo, mas ele espera muito de nós. Espera, inclusive, que não sejamos como os fogos de artifício, que nos encantam num momento, mas logo se apagam. 

*Geraldo José Silva é membro e ex-Presidente da Academia Jacarehyense de Letras, onde ocupa a cadeira de número 16, cujo patrono é o prof. Mário Moraes.



9 de janeiro de 2012

                                                         Reprodução
João Cabral de Melo Neto (1920-1999)

João Cabral de Melo Neto nasceu em Recife, 
em 09 de janeiro de 1920. Publicou seu primeiro 
livro "Pedra do Sono" em 1944. 
Tornou-se diplomata, tendo viajado por diversos 
países e servido em Barcelona, Londres, Sevilha, 
Marselha, dentre outras. Conviveu com grandes 
escritores de seu tempo, era primo de Manuel 
Bandeira e Gilberto Freyre. Em 1968 foi 
eleito por unanimidade para a Academia Brasileira 
de Letras, na vaga de Assis Chateaubriand e cujo 
patrono é Tomaz Antônio Gonzaga. Era casado 
com a ensaista Marly de Oliveira e tinha cinco filhos.
Dentre seus livros destacam-se Morte e Vida Severina,
O Cão sem Plumas, O Rio, Museu de Tudo, além de 
Poesias Completas.



Morte e Vida Severina

— O meu nome é Severino,
como não tenho outro de pia.
Como há muitos Severinos,
que é santo de romaria,
deram então de me chamar
Severino de Maria;
como há muitos Severinos
com mães chamadas Maria,
fiquei sendo o da Maria
do finado Zacarias.
Mas isso ainda diz pouco:
há muitos na freguesia,
por causa de um coronel
que se chamou Zacarias
e que foi o mais antigo
senhor desta sesmaria.
Como então dizer quem fala
ora a Vossas Senhorias?
Vejamos: é o Severino
da Maria do Zacarias,
lá da serra da Costela,
limites da Paraíba.
Mas isso ainda diz pouco:
se ao menos mais cinco havia
com nome de Severino
filhos de tantas Marias
mulheres de outros tantos,
já finados, Zacarias,
vivendo na mesma serra
magra e ossuda em que eu vivia.
Somos muitos Severinos
iguais em tudo na vida:
na mesma cabeça grande
que a custo é que se equilibra,
no mesmo ventre crescido
sobre as mesmas pernas finas,
e iguais também porque o sangue
que usamos tem pouca tinta.
E se somos Severinos
iguais em tudo na vida,
morremos de morte igual,
mesma morte severina:
que é a morte de que se morre
de velhice antes dos trinta,
de emboscada antes dos vinte,
de fome um pouco por dia
(de fraqueza e de doença
é que a morte severina
ataca em qualquer idade,
e até gente não nascida).
Somos muitos Severinos
iguais em tudo e na sina:
a de abrandar estas pedras
suando-se muito em cima,
a de tentar despertar
terra sempre mais extinta,
a de querer arrancar
algum roçado da cinza.