16 de janeiro de 2012

O QUE ESPERAR DO ANO NOVO
 - Geraldo José da Silva -


Para nós, ocidentais, e boa parte do mundo a passagem para o ano novo, é um acontecimento cercado de muita festa, alegria, esperança e expectativas. Uma ocasião em que um misto de euforia e desejos toma conta das pessoas num ritmo crescente e veloz, até a contagem dos minutos regressivos e o início dos fogos de artifício, como o ponto mais alto e esperado, que a rigor iniciou-se com o Natal. É a festa tradicional do Rèvellion, como nós conhecemos, adotado do francês, que significa rever (rèveiller). Todavia, a data da festa, dia 1 de janeiro, foi instituída pelo governo de Roma, Júlio Cezar, 46 anos a.C, e dedicada pelos romanos ao deus Juno, que é representado por duas faces, uma voltada para o passado, outra para o futuro.

Talvez seja a combinação destes princípios de revisão do ano (dos franceses) e de visão simultânea do passado e do futuro (dos romanos), os motivos das nossas crenças, simpatias e rituais praticados na passagem do ano: vestir-se de branco para intuir a paz, banhar-se com ervas para fechar o corpo, comer lentilha para que haja fartura e sementes de romã para atiçar a sorte, pular sete ondas para livrar-se de todos os males e consultar cartas e tarôs para orientações. Tudo tem valor, dependendo da crença, do propósito e da atitude de cada um.

Muitos participam desses rituais porque realmente acreditam neles, outros porque na dúvida é melhor não ficar de fora, mas a maioria gosta mesmo é do folclore que enche as praias com tendas, figuras de orixás, e culto à Iemanjá. Não importa o motivo particular de cada um. O objetivo e a festa de Reveillon que faz a alegria do povo e tudo é bom quando não faz mal a ninguém.

Mas, então, o que é mesmo que esperamos do Ano Novo? Dele, nada, mas de nós mesmos, tudo. Tudo o que deveríamos ter feito no ano que passou e deixamos em débito por descuido ou egoísmo. Tudo o que propusemos para este ano: refazer as amizades esquecidas, perdoar os que nos foram ingratas ou então reparar as vezes que cometemos ingratidão, corrigir a insensatez que praticamos por comodidade, sermos mais éticos em tudo e em todos os momentos e lugares, sermos autênticos sem ofender e ainda que contrarie nosso orgulho, estender nossas mãos quando tivermos que pedir e oferece-las quando pudermos ajudar, dar bom dia indistintamente e com a mesma vibração que daríamos às pessoas mais próximas, e ainda cuidarmos do nosso próprio projeto pessoal. Porque a nossa presença bem definida faz bem às pessoas que nos veem e a nós mesmos. Nossas atitudes com boa educação serão percebidas imediatamente e seguidas. Nossa cultura ilumina o próximo. Nossa conduta com dignidade é espelho. Nossa generosidade sensibiliza e nos dá a certeza do bem praticado. Mas acima de tudo, o amor exaurido de nós para o bem do próximo, louva ao Deus que nos dá a vida. Este é o resumo do que provavelmente deixamos de fazer no ano velho, mas temos uma nova chance de fazê-lo.

Portanto, não temos que esperar nada do Ano Novo, mas ele espera muito de nós. Espera, inclusive, que não sejamos como os fogos de artifício, que nos encantam num momento, mas logo se apagam. 

*Geraldo José Silva é membro e ex-Presidente da Academia Jacarehyense de Letras, onde ocupa a cadeira de número 16, cujo patrono é o prof. Mário Moraes.



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