2 de dezembro de 2012

DÉCIO PIGNATARI



*Morreu de insuficiência respiratória neste domingo (2) o poeta paulista Décio Pignatari, aos 85 anos. Ele estava internado desde sexta-feira (30), no Hospital Universitário de São Paulo, e faleceu por volta das 9h da manhã, segundo a assessoria do hospital. Ele também sofria de Mal de Alzheimer, informou o hospital.

"Vivo em função da obra e, por destino, ou por propósito, tenho que realizá-la. Então, é um jogo contínuo, que já dura décadas e décadas, entre tentar viver e tentar fazer a obra. Uma obra que eu me proponho a fazer no sentido de inovação. Não é inovar a obra. Meu reinado é o mundo da linguagem, verbal e não-verbal. Quero tentar colocar a literatura e o pensamento do Brasil em nível internacional. Quero o Brasil internacional, como o futebol é. Sem medo de encarar ninguém. Sou contra os nacionalismos estreitos".

Décio Pignatari
 


Nasceu em 20/08/1927, em Jundiaí, SP. Advogado, publicitário, professor, tradutor, ensaísta e, principalmente poeta. Seus primeros poemas - Noviciado e Unha e carne - trabalhos - foram publicados na Revista Brasileira de Poesia, em 1949. Mas já nos anos 1950, realizava experiências com a linguagem poética, incorporando recursos visuais e a fragmentação das palavras. Tais aventuras verbais culminaram no Concretismo, movimento estético literário, que fundou junto com os irmãos Augusto e Haroldo de Campos, com quem editou as revistas "Noigandres" e "Invenção".
 
Entre 1956 e 1957 participou do lançamento oficial da Poesia Concreta na 1º Exposição Nacional de Arte Concreta, no MAN/SP e no saguão do MEC/RJ, e em 1958 lançou, junto com os irmãos Campos, o Plano-piloto para Poesia Concreta no nº 4 da revista Nogrande. Para consolidar o movimento, viria mais tarde a Teoria da poesia concreta (1965).
 
Como teórico da comunicação, traduziu obras de Marshall McLuhan e publicou o ensaio Informação, Linguagem e Comunicação (1968). Sua obra poética inclui os livros Carossel (1950); Exercício findo (1958); Poesia pois é Poesia, 1950-1975). Poesia pois é poesia (1977); Poetc, 1976-1986 (1986).
 
 Foi um dos criadores da editora e da revista Invenção, lançada em 1962 como veículo da Poesia Concreta. Em 1964 lançou o Manifesto do Poema-Código ou Semiótico, com Luiz Angelo Pinto. Foi membro-fundador da Associação Internacional de Semiótica, em Paris (França), em 1969.
 
Nas décadas de 1980 e 1990 colaborou em vários periódicos, entre os quais a Folha de S. Paulo, e foi professor de Semiótica e Comunicação da FAU/USP. Como tradutor, publicou Dante Alighieri, Goethe e Shakespeare, entre outros, reunidas em Retrato do Amor quando Jovem (1990) e 231 poemas. Publicou também o volume de contos O Rosto da Memória (1988) e o romance Panteros (1992), além de uma obra para o teatro, Céu de Lona.
 
 No final da década de 1990 cansou da agitação de São Paulo e mudou-se para Curitiba em busca de uma vida mais harmoniosa com a poesia. Seu lançamento mais recente é Bili com limão verde na mão (2009).
 


O CONCRETISMO

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(Décio Pgnatari)

Tem como marco inicial a publicação da revista “Noigandes” e como principais representantes os escritores paulistas Décio Pignatari, Haroldo de Campos e Augusto de Campos.

Características:
- Propunha incorporar, à poesia, os signos da sociedade moderna, aliando a observação dos aspectos formais e a observação crítica da realidade.
- Determina uma ruptura radical com o lirismo: a poesia intimista deveria ser substituída pela concretude das palavras, utilizadas no seu aspecto verbi-voco-visual (semântico, sonoro e visual).
- Combate a exclusividade do verso.
- ”Os elementos de composição característicos da poesia concreta são a organização geométrica do espaço e o jogo de semelhanças de significantes.“
- “Talvez se pudesse concluir que um poemaconcreto seja definido mais ou menos assim: um tipo de composição poética centrada na utilização de poucos elementos dispostos no papel de modo a valorizar a distribuição espacial, o tamanho e a forma dos caracteres tipográficos e as semelhanças fônicas entre as palavras.“
- “A poesia concreta significou o reconhecimento do poema como objeto também espacial, e da necessidade de procedimentos composicionais compatíveis com essa realidade.“




Sabemos que a Poesia Concreta adota, entre outros procedimentos, a valorização do poema no espaço branco da página. Com apoio das artes gráficas, os textos ganham em expressividade visual.






 

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